E como tratar milhares de pessoas com essa doença?
Muitas pessoas não sabem, mas a depressão é uma doença muito diversificada, pacientes podem apresentar sintomas diferentes entre si assim como a gravidade. Além disso, é uma doença que tem múltiplas causas na sua origem em decorrência da interação genética individual com o ambiente e o desenvolvimento individual.
Por se tratar de uma doença de alta complexidade e diferentes apresentações, vale observar que mais de uma forma de tratamento seja considerada. Para exemplificar veja o estudo STARD, o maior já feito para avaliar a resposta ao tratamento da depressão com medicações antidepressivas. Os dados apresentados são que 50% dos pacientes não responderam a pelo menos duas sequências de tratamento antidepressivos e até 30% não respondiam a mais de cinco tentativas sequenciais de medicamentos antidepressivos isolados e ou associados!!!
Se pensarmos como o cérebro funciona, entendemos por que é baixa resposta ao tratamento medicamentoso e porque a equação não fecha! Os neurônios usam a ELETRICIDADE para se comunicarem, Isso Mesmo!!! O cérebro produz atividade elétrica, tanto é verdade que um dos exames mais pedidos na neurologia, o EEG (eletroencefalograma), avalia a atividade elétrica dos neurônios através de eletrodos colocados sobre a cabeça do paciente. Com isso entendemos que a comunicação dos neurônios é na verdade Eletroquímica!(1)
As técnicas de neuromodulação não invasiva (NIBS) como a EMT atuam sobre regiões cerebrais através de estímulos elétricos, ativando ou inibindo essas regiões. Os neurônios formam redes (redes neurais) que conectam diferentes regiões do nosso cérebro. Essas redes ou circuitos cerebrais serão ativadas ou inibidas pela EMT. Então, ao estimular uma área do córtex cerebral, você estará também atuando em áreas mais distantes, através dessas comunicações (Vias e redes).
Vamos entender como funciona?
A cada sessão, vários estímulos são aplicados em uma região específica do cérebro que foram determinadas previamente por grandes estudos. Os estímulos repetidos, realizados durante vários dias geram o que chamamos de plasticidade neuronal, isto é, mudanças em longo prazo na atividade daqueles circuitos cerebrais envolvidos, em decorrência da produção de diversas moléculas como fatores de crescimento de neurônios, e, por consequência a melhora clínica, como no caso da depressão.
A estimulação magnética transcraniana está aprovada pelos órgãos regulamentadores de diversos países do mundo com FDA, NICE e desde 2008 no Brasil pela ANVISA e pelo CFM. Seu uso é indicado nos quadros de depressão resistente á pelo menos um antidepressivo ou em pacientes que por intolerância não conseguem usar as medicações.
Confira no vídeo abaixo todos os detalhes e informações sobre a neuromodulação diretamente com Dr. Renato Araújo.
Sobre Segurança e efeitos adversos
A EMTr é considerada por muitos clínicos mais bem tolerada, que diversos tratamentos medicamentosos, devido a sua ausência de efeitos adversos sistêmicos, incluindo ganho de peso e disfunção sexual, que são frequentemente a causa da baixa aderência ao tratamento medicamentoso. O perfil favorável de segurança e tolerabilidade, não significa que o tratamento seja menos eficaz, pelo contrário, ele é indicado em pacientes que não responderam a pelo menos uma tentativa farmacológica.
OS efeitos adversos mais comuns são dor no local da aplicação, cefaleia em menor grau e vertigem. Os mais sérios e menos comuns são sincope e em raros casos, convulsões.
A EMTr é um tipo de neuro modulação não invasiva (NIBS) assim como a ETCC (estimulação elétrica transcraniana) porém cada técnica tem suas especificidades e indicações. Essas técnicas tem possibilitado um grande avanço não só nas aplicações terapêuticas de diversas condições neurológicas e psiquiátricas mas também no estudo sobre o funcionamento cerebral.
Indicações aprovadas para EMT no Brasil
- Depressão uni ou bipolar
- Alucinação auditiva na esquizofrenia
Indicações aprovadas pelo FDA
- Depressão uni ou bipolar
- Transtorno obsessivo – compulsivo
- Tabagismo
Outras indicações
(sem aprovação de órgãos regulatórios)
- Transtornos ansiosos
- Transtorno do espectro autista
- Dependência química
- Obesidade
- Impulsividade
- Dor crônica
Na neurologia, também existem diversas aplicabilidades como em doenças de Parkinson e reabilitação cognitiva.